segunda-feira, outubro 30, 2006
A morte absoluta...
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."
Morrer mais completamente ainda,
– Sem deixar sequer esse nome.
Manuel Bandeira
[Imagem: Desconheço o autor]
3 comentários:
boa escolha.gostei
Morrer será como mergulhar fundo fundo no sono? É que morrer assim...é muito bom...
*:)
Muito bom :P! A morte é apenas uma etapa da vida e ainda não se sabe se é a etapa final ;P!
Espero que continues com este blog :P! Gosto deste abrigo!
Fiquem bem! Beijos e Abraços
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